Entre-lugares, tempos.

Em Fevereiro, existia um caminho a seguir.  Ano começando, idéias brotando. Trabalharíamos em conjunto na pesquisa e com temas livres na construção de uma série de ensaios fotográficos que tudo dando certo se transformariam em fotolivros. Acontece, que imprevistos fazem parte de longas jornadas, é assim foi.  Teve um dia em que tudo parou. Um vírus do lado de fora que nos obrigou a fechar a porta por dentro. A partir desse momento, tudo passava a ser diferente.

​

Três decisões foram tomadas.  Uma, de que não pararíamos o projeto, outra de que não falaríamos de pandemia. A contra-mão era o nosso caminho, faríamos tudo diferente. E assim foram mais de sete meses de encontros online.  Distantes presencialmente mas aproximados em coração e mente, seguimos.

​

A terceira e grande decisão foi que falaríamos de nós mesmos.  Sim, cada fotolivro autobiográfico seria um depoimento de momento, vivo. Nossas sensações diante de novos e não sonhados tempos.  Ficamos no escuro, mergulhamos fundo na alma, perdemos noção de dia e noite, quando achávamos que tudo estava ruim, piorou. Doeu. Trocamos de casca, quebramos ossos, olhamos para dentro, sofremos com a ausência e chegamos a questionar se o amor era importante. E era, viu. Fizemos poesia, dançamos, fizemos música, na verdade um concerto inteiro para tudo aquilo que estava errado. Lavamos a alma, voamos longe.

​

Entre-lugares, tempos.